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Visionário, Fazedor e Incrementalista

Visionário, Fazedor e Incrementalista

O framework do Visionário, Fazedor e Incrementalista é apresentado no livro “Making Ideas Happen: Overcoming the Obstacles Between Vision and Reality” de Scott Belsky. Este modelo foi criado para ajudar a compreender e categorizar diferentes estilos de trabalho e abordagens na inovação e execução de projetos.

Belsky identificou que as pessoas tendem a se enquadrar em três categorias principais: Visionários, que geram ideias e visões de longo prazo; Fazedores, que transformam essas ideias em realidade; e Incrementalistas, que otimizam e aprimoram processos contínuos. Este framework visa melhorar a colaboração, maximizar o potencial individual e promover uma gestão de projetos mais eficaz.

Este framework é particularmente relevante para empresários e na gestão de sócios com perfis diferentes. Este modelo ajuda a reconhecer e valorizar as distintas contribuições de cada perfil, promovendo uma colaboração mais eficaz e reduzindo conflitos.

Muitas vezes, os conflitos entre sócios derivam de perfis diferentes que acreditam que a sua abordagem é a única válida para demonstrar interesse e compromisso com a empresa. Por exemplo, um Visionário pode sentir que a visão de longo prazo é crucial, enquanto um Fazedor pode valorizar a execução imediata, e um Incrementalista pode focar-se na optimização contínua. Entender e respeitar estas diferenças é essencial para uma gestão harmoniosa e eficaz.

Descobrir o teu perfil dominante

Todos nós possuímos elementos dos perfis de Visionário, Fazedor e Incrementalista. É possível ter um bom desempenho em qualquer um desses perfis, dependendo das circunstâncias e das necessidades do momento. No entanto, o objetivo deste framework não é medir a competência em cada perfil, mas sim identificar onde nos sentimos mais confortáveis, realizados e em harmonia.

Cada perfil pode proporcionar diferentes níveis de naturalidade e satisfação no comportamento individual. Alguns perfis podem gerar desconforto ou stress, dependendo da predisposição e das preferências pessoais de cada um. Assim, é importante perceber qual desses perfis nos proporciona maior realização.

Ao compreender qual perfil lhe traz mais conforto e satisfação, pode alinhar melhor as suas tarefas e responsabilidades com suas preferências naturais, promovendo um ambiente de trabalho mais harmonioso e produtivo.

Visionário

O Visionário é uma pessoa cheia de ideias e visões para o futuro. Gosta muito de falar sobre os seus sonhos, pois falar dá tangibilidade às suas ideias. Encontra satisfação em partilhar as suas visões e acredita que, ao ser ouvido, está a inspirar os outros.

Apesar do seu entusiasmo, o Visionário muitas vezes sente-se pressionado a agir como um Fazedor. Ele sabe que, se não executar as suas ideias, elas não terão valor prático. Tenta criar bases para que outros possam levar adiante os seus sonhos, mas, por não ser um Fazedor nato, muitas vezes falta-lhe o detalhe necessário para que outros possam concretizar as suas ideias. Além disso, pode faltar-lhe o foco no acompanhamento das primeiras execuções, o que geralmente resulta em ele próprio ter que carregar o fardo.

Fica frequentemente stressado quando os outros não demonstram interesse ou capacidade de executar as suas ideias da maneira que ele idealizou. Isto normalmente acontece por falta de uma estrutura de suporte e acompanhamento adequada.

Um Visionário tira realização de ver outras pessoas a envolverem-se e aceitarem as suas ideias como válidas e importantes. Sente-se realizado quando as suas visões são valorizadas e reconhecidas pelos outros.

Frequentemente, o Visionário sente que é uma perda de tempo explicar os seus sonhos em detalhe aos outros, porque perde tempo e os outros nunca vão entender, ele está diversas jogadas à frente. Na realidade, foca-se em explicar aos outros qual é o próximo passo e o que pretende que eles façam, o que é frequentemente interpretado pelos outros como ordens, não se sentindo verdadeiramente envolvidos.

O Visionário vive num mundo seu, onde os sonhos são mais reais do que parecem ser, pois para ele os sonhos são reais. A sua cabeça vive no futuro, inspirada pelo futuro e pela inovação. O passado tem pouco lugar no pensamento do Visionário e o presente acaba por também não ser demasiado importante.

O Visionário é muito otimista, porque o leque de possibilidades dos sonhos é infinito. É sempre possível fazer melhor, diferente e, como tal, o Visionário fica muito mais agarrado às oportunidades do que às dificuldades. Para cada dificuldade, o Visionário encontra um ou vários caminhos alternativos. É por natureza muito otimista nas probabilidades de sucesso, tendo a visão de que, se alguém valida o sonho, então o seu trabalho foi concretizado ou, pelo menos, sente-se internamente validado e realizado.

Quando a implementação da ideia encontra um obstáculo, ou o Visionário se frustra com a equipa por não ter sido capaz de implementar da forma ou no ritmo que ele idealizou, ou simplesmente troca de sonho se isso for emocionalmente mais confortável para ele.

O Visionário não está verdadeiramente habituado a falhar ou a errar, raramente se prende nos erros e raramente os assume realmente. Acaba por assumir novos sonhos, procurando razões externas a ele que justifiquem largar os sonhos antigos.

O Visionário é portador de muitas certezas, porque na sua alucinação mental os sonhos têm uma lógica muito forte e a direção é muito mais importante do que necessariamente os detalhes. Ao falar com outros que se agarram ao detalhe, vai-se enervar, uma vez que na sua narrativa mental pequenos detalhes não condicionam a validade do sonho. No entanto, para quem executa, esses detalhes assumem uma importância que não é necessariamente valorizada pelo Visionário.

O Visionário quando executa algo, mais do que para gerar valor para ele, pretende com isso provar aos outros que consegue e que as suas ideias e métodos são positivos e fazíveis, uma vez que muitas vezes enfrenta a descença de quem os rodeia. A execução não é a paixão do Visionário, no entanto, habituou-se que ela é necessária para dar tangibilidade aos seus sonhos, pelo se os outros não fazer “eu terei de por a bola a andar para eles se juntarem”.

Isto leva muitas vezes a que as equipas que estão focadas num plano, sejam desfocadas pelo Visionário para explorar outras ideias para as quais não sentem ter o devido enquadramento ou visão.

Curiosamente, raramente os outros perfis discutem ou contradizem um Visionário, essas discussões são muito difíceis uma vez que grande parte do contexto e visão reside apenas e só na cabeça do Visionário. Os outros perfis valorizam muito a capacidade visionária do Visionário e em muitos casos reconhecem a sua incapacidade de ter ideias assim “tão inovadoras” pelo que acabam por aceitar sem discutir essas ideias porque sentem que elas podem trazer um bem maior. A equipa sabe que também castrar estas ideias com dificuldades, planos ou demasiado detalhe irá desmotivar o Visionário. Isto deixa o Visionário numa posição bastante solitária onde não consegue ter verdadeiramente contraditório ou discussão dos seus sonhos com as suas equipas. É uma posição solitária que normalmente desenvolve perfis fortes de ideias fixas e emocionalmente fechados.

Fazedor

O Fazedor é a pessoa que arregaça as mangas e parte para a ação. Prefere ver resultados concretos e tangíveis, acreditando que falar é importante apenas como um meio para alinhar esforços e direcionar a ação. Para ele, a execução é mais relevante do que as palavras.

Motivado pela execução e pelo progresso, o Fazedor sente grande satisfação ao ver tarefas concluídas e objetivos alcançados. A sua principal força reside na capacidade de planear, organizar e executar tarefas de forma eficiente. No entanto, muitas vezes pode ser visto como impaciente ou insensível, pois valoriza a ação acima de tudo e pode não dedicar tempo suficiente para considerar as ideias ou sentimentos dos outros. Ele deseja seguir em frente rapidamente e frustra-se quando os resultados não aparecem com a celeridade esperada ou quando dependem demasiado da colaboração dos outros.

O Fazedor é profundamente apaixonado por transformar ideias pouco estruturadas em algo tangível. Gosta do desafio de compreender como passar de uma ideia a algo prático e real. Apesar de também ter ideias, frequentemente vê-as como algo distante da sua realidade, pois vive mais no presente do que no futuro. Embora possa ter uma visão estratégica, esta visão geralmente não o motiva demasiado, pois o distancia da execução e da entrega. Ao contrário dos Visionários, os Fazedores não pensam demasiado no futuro; concentram-se em pequenas vitórias presentes que provam a viabilidade de uma ideia.

Uma vez provada a realização prática de uma ideia, o Fazedor sente que cumpriu o seu propósito. Ele entrega algo comprovado com bases processuais sólidas, mas perde o interesse na execução contínua dessas ideias. Por isso, afasta-se do perfil incrementalista, pois não se motiva pela execução recorrente das mesmas tarefas com pequenas melhorias. O Fazedor não aprecia pequenas vitórias ou melhorias incrementais; prefere trabalhar em algo radicalmente novo. É frequente que comece algo do zero várias vezes, pois o que realmente o motiva é a criação inicial.

Este perfil está muito focado na ação, o que significa que tem dificuldade em lidar com pessoas que necessitam de muitos detalhes ou estrutura, uma vez que ele próprio está a construir essa estrutura a partir de algo ainda indefinido. Como tal, a sua relação com o erro é diferente da dos outros perfis: vê o erro como um sinal de progresso e melhoria. Ele procura erros para usá-los como mecanismos de aperfeiçoamento. Isto pode causar fricção com outros perfis, pois o Fazedor aceita factos, mas considera justificações como perda de tempo.

Os Fazedores costumam trabalhar a um ritmo muito acelerado, motivados pela necessidade de provar rapidamente a viabilidade de uma solução. Não têm muita paciência para perder tempo, pois estão numa corrida contra o tempo para validar uma ideia. O seu propósito e motivação intrínseca advêm da prova de que uma ideia é viável, mais do que do processo de criação ou recolha de valor dessa ideia. O trabalho do Fazedor termina quando a ideia é provada válida e existe uma estrutura replicável para o sucesso.

Para o Fazedor, a planificação não é muito relevante, pois sabe que mudará de ideias várias vezes durante a execução. Contudo, é altamente organizado na fase de execução, criando uma estrutura eficiente que lhe permite entregar rapidamente. Na relação com os Visionários, o Fazedor encontra tanto o melhor quanto o pior: pode rapidamente testar e concretizar os sonhos dos Visionários, mas pode também haver fricção, pois avalia os sonhos pela sua capacidade de implementação, uma métrica que os Visionários nem sempre valorizam.

Os Fazedores tendem a ser pessimistas no sentido de estarem sempre a focar nos desafios e nos possíveis fracassos, pois sabem que o seu papel é limar esses aspetos para entregar uma ideia sólida. São impacientes por natureza, desejando passar das ideias à ação rapidamente. Esta impaciência pode ser limitativa nas interações com os Visionários e incrementalistas, pois estes últimos querem estruturar e melhorar processos, enquanto o Fazedor quer testar, errar e refazer continuamente.

Na comunicação, os Fazedores são parcos em palavras. Preferem absorver ideias e desenvolver internamente o caminho de ação necessário. Durante reuniões, podem estar calados, mas quando intervêm, trazem pontos específicos e valiosos sobre a implementação. Não são muito comunicativos porque estão mais focados em pensar do que em comunicar.

O trabalho em equipa pode ser um desafio para o Fazedor, especialmente nas fases iniciais de transformação de uma ideia. Contudo, em fases posteriores, são eficazes em transferir conhecimento e acompanhamento para uma equipa de incrementalistas. São respeitados pelos outros perfis pela sua capacidade de entrega. Quando se comprometem, entregam um trabalho alinhado com o que se espera e com estrutura suficiente para que os incrementalistas possam continuar o desenvolvimento.

O Fazedor é alguém que precisa de acreditar muito nas ideias para as desenvolver. Caso contrário, pode inconscientemente boicotá-las, encontrando desafios que as inviabilizam. A diferença entre um Fazedor e um Incrementalista é subtil, mas fundamental: enquanto ambos executam ideias, o Fazedor tem uma veia inovadora, desafiando o status quo.

Incrementalista

O Incrementalista é uma pessoa profundamente apaixonada pela optimização. Encontra prazer e realização na repetição e afinação de ideias e processos, sentindo-se, por isso, desconfortável num ambiente de alta mudança. Para ele, os dias devem ser altamente planeados e metódicos, com uma clara orientação sobre o caminho a seguir.

Este perfil é frequentemente alinhado a números e objetivos, pois é a partir destes que avalia o seu desempenho. Os Incrementalistas são dos três perfis – Visionário, fazedor e incrementalista – os que têm maior foco no fator humano e nas equipas, dado que a sua performance depende significativamente do trabalho coletivo. Eles fazem crescer ideias e, consequentemente, fortalecem a equipa de suporte, proporcionando um ambiente estável e estruturado que favorece a colaboração e a eficiência.

São cautelosos e relutam em abandonar uma ideia sem ter uma alternativa comprovadamente melhor. Têm uma grande aversão ao fracasso e esforçam-se para manter os processos a funcionar com o mínimo de disrupção possível. Normalmente, são pessoas organizadas, com uma visão de médio a longo prazo bem desenvolvida, planeando meticulosamente cada passo para garantir que os objetivos são alcançados de forma segura e eficiente.

Para o Incrementalista, as ideias iniciais têm pouco valor por si só, pois compreendem que após a concepção de uma grande ideia, há um longo caminho de construção e optimização até que ela atinja o seu máximo potencial. Este perfil tem grande dificuldade em discutir com os Visionários, uma vez que para eles existe um foço entre as ideias e a execução prática. Para eles, tudo o que é disruptivo torna o sistema menos controlável, e o controlo é essencial. Embora reconheçam o interesse e o potencial nas ideias dos Visionários, não conseguem transpô-las para a sua realidade, preferindo focar-se no status quo.

Os atritos entre Visionários e Incrementalistas são comuns, pois os Incrementalistas não são capazes de experimentar e adotar novas ideias com eficácia. É aqui que os Fazedores desempenham um papel crucial de ligação entre estes dois perfis. Normalmente, ao olhar para novas ideias, os Incrementalistas tentam identificar todas as limitações, misturando o valor da ideia com a sua implementação. São pessoas ancoradas no presente e no curto prazo, focadas em manter o status quo positivo.

No que diz respeito à comunicação, os Incrementalistas são expansivos com as suas equipas, reportando constantemente o progresso. Embora não sejam dados a grandes experiências fora do que conhecem, são orientados ao detalhe e procuram optimizar continuamente os que os rodeia. São excelentes gestores de risco, evitando decisões emocionais e buscando conciliar perspetivas para garantir o mínimo de disrupção possível. Tomam decisões difíceis quando necessário para manter a saúde do seu sistema (processo, objectivos, pessoas).

Os Incrementalistas geralmente lideram as suas equipas, mas não se impõem aos Visionários e Fazedores. Quando procuram conhecimento, fazem-no dentro das competências que conhecem e que percebem ter impacto direto no seu trabalho, evitando procurar conhecimento inovador ou de contexto.

Este perfil acredita em mudanças graduais e progressivas. Vê valor nas pequenas melhorias contínuas e está sempre à procura de formas de optimizar processos e sistemas. Gosta de observar, analisar e ajustar, acreditando que grandes mudanças resultam de muitas pequenas ações bem-sucedidas. No entanto, pode ser visto como excessivamente cauteloso ou avesso a riscos, preferindo a segurança das melhorias incrementais à incerteza das grandes revoluções. Sente-se desconfortável com mudanças abruptas e prefere ambientes onde possa implementar melhorias de forma controlada e constante.

Um Incrementalista encontra realização no progresso contínuo e sente-se satisfeito ao ver que as suas melhorias fazem a diferença a longo prazo. Valoriza o reconhecimento da importância das pequenas mudanças e o compromisso dos outros com a busca contínua pela excelência.

Os Incrementalistas são meticulosos na sua abordagem, criando e aperfeiçoando processos que asseguram a estabilidade e a eficiência. Gostam de medir e monitorizar continuamente, ajustando conforme necessário para otimizar os resultados. Este foco nos detalhes e na precisão torna-os peças-chave na gestão de operações e na manutenção de padrões elevados.

A sua relutância em adotar mudanças drásticas é equilibrada pela sua habilidade em implementar melhorias incrementais que, ao longo do tempo, acumulam-se em significativas evoluções. Esta abordagem gradual permite-lhes minimizar riscos e evitar interrupções, garantindo que o progresso é constante e sustentável.

Na liderança, os Incrementalistas tendem a ser coaches pacientes e compreensivos, focando-se no desenvolvimento das competências dos membros da sua equipa. Eles criam ambientes onde as equipas se sentem seguras para contribuir e melhorar, incentivando uma cultura de aprimoramento contínuo.

Quando confrontados com novas ideias, os Incrementalistas procedem com cautela, analisando todas as possíveis implicações e desafios. Esta prudência, embora às vezes vista como resistência à inovação, assegura que as mudanças são bem fundamentadas e benéficas a longo prazo.

O Incrementalista é a âncora que mantém a estabilidade e a eficiência num ambiente de trabalho. A sua dedicação à optimização contínua e ao progresso metódico assegura que as operações fluem suavemente e que as melhorias são sustentáveis e eficazes. Eles são essenciais para transformar boas ideias em realidade duradoura, garantindo que cada passo em direção ao progresso é seguro e bem calculado.

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